As funções
executivas são um conjunto de habilidades cognitivas que permitem ao sujeito
engajar-se em comportamentos orientados a objetivos, realizando ações
voluntárias, independentes, auto-organizadas e direcionadas a metas.
Dessa forma
crianças vão recrutar as habilidades funcionais sempre que se confrontarem com
tarefas novas, desafiadoras. O Centro de Desenvolvimento da Criança da
Universidade de Harvard CDCUH (2011) resumem esses estudos e os principais
achados no que diz respeito ao desenvolvimento das Funções Executivas que são
destacadas a seguir:
1.
São
essenciais para o desenvolvimento inicial das capacidades cognitivas e sociais.
2.
As
crianças nascem com o potencial para desenvolver as Funções Executivas.
3.
As
avaliações demonstram que após o nascimento essas funções começam a se desenvolver.
4.
Os
períodos de 3 a 5 anos representam uma janela de oportunidade para o crescimento
das Funções Executivas.
5.
Aos
3 anos as crianças são capazes de seguir duas regras e direcionar sua atenção
(se for azul coloque aqui e se for vermelho coloque lá), além manterem as
regras enquanto imaginam e inibir distrações.
6.
Aos
5 anos as crianças conseguem mudar entre uma regra e outra que sejam incompatíveis
entre si, retornando à anterior. Conseguem maior resistência ás distrações,
mesmo sendo algo muito desejado. Seguem etapas de um plano e avaliam a melhor
forma de fazê-lo.
7.
Aos
7 anos as estruturas cerebrais subjacentes são mais próximas às do adulto com
capacidade para planejar, manter regras, focar atenção, controlar os impulsos.
8.
As
FE continuam se desenvolvendo ao longo da adolescência até o início da fase adulta.
O
comprometimento das habilidades executivas, caracterizando a chamada síndrome
disexecutiva, pode compreender alterações cognitivo-comportamentais diversas,
associadas ao prejuízo de seus processos componentes, tais como dificuldades na
seleção de informação, distratibilidade, dificuldades na tomada de decisão,
problemas de organização, comportamento perseverante ou estereotipado,
dificuldade no estabelecimento de novos repertórios comportamentais,
dificuldades de abstração e de antecipação das consequências de seu
comportamento, impondo uma série de problemas à vida diária (Muñoz Céspedes
& Tirapu-Ustárroz, 2004; Strauss, Sherman & Spreen, 2006).
A maior queixa de disfunção executiva,
em geral, está relacionada a:
Controle
inibitório: Capacidade
de inibir um comportamento preponderante em detrimento de outro. Habilidade
para filtrar nossas ações e pensamentos, controlar os impulsos e resistir às
tentações, distrações e hábitos e parar e pensar antes de agir: Controlar as
ações, de modo a conseguir ignorar as distrações e tentar focar a atenção no
que está sendo solicitado; Poder
resistir à vontade de ficar conversando o tempo todo na aula. Aprender a
esperar sua vez de falar ou de jogar. Aprender
a controlar e regular as emoções, ao invés de gritar e bater. Conseguir parar e pensar antes e não
agir apenas de forma impulsiva e sem medir as consequências.
Flexibilidade
Cognitiva: É a
habilidade de mudar e flexibilizar entre alternativas diferentes. Capacidade de
mudar o curso das ações e adaptá-las para atender a exigência do ambiente.
Capacidade de encontrar erros e corrigi-los, rever como estamos agindo de
acordo com as formas, as informações novas, considerar algo a partir de uma
nova perspectiva e pensar “diferente”.
Memória
de Trabalho (MT): Habilidade de manter e manipular informações recentes na
mente e por um período curto, por isso, pode não conseguir realizar cálculos
mentais, não seguir corretamente as instruções das tarefas, entre outros.
Organização
e planejamento:
consiste na capacidade
de, a partir de um objetivo definido, estabelecer a melhor maneira de alcançá-lo,
levando em consideração a hierarquização de passos e a utilização de
instrumentos necessários para a conquista da meta.
Alvos a serem
trabalhados para um bom desenvolvimento das Funções executivas: (Meca, Dias e
org, 2015)
Organização e Planejamento:
Uso de rotina em sala de aula.
Uso de calendário Mensal da turma.
Atividades que envolvam estimar e
controlar o tempo.
Organização física e dos materiais
pessoais;
Organização e categorização das
ideias.
Planejamento compartilhado (parte e
todo).
Dividindo uma tarefa grande em
pequenos passos.
Discutir a agenda diária, o que traz
sentimento de segurança para a criança e maior manejo e engajamento nas
atividades.
Apresentar representações visuais e
verbais para a compreensão do tempo.
Atenção, Controle Inibitório e
Flexibilidade Cognitiva
Atividades e jogos lúdicos que exigem
controle inibitório.
Tarefas de flexibilidade cognitiva que
exigem trocar entre uma regra e outra, trabalhar com ambiguidades,
classificação.
Jogos de soletrar, e jogos de operações
matemáticas.
Jogos para selecionar informações
relevantes como Mimica, “Quem sou Eu?”.
Resolução de Problemas – pensar em
mais de uma forma de responder, propor novas ações para os problemas listados.
Memória de Trabalho
Estimular a checagem de atividades e
material, solicitados e lembrar sobre prazos e cumprimento de atividades
futuras através do calendário mensal e coletivo, além do uso de lista de
autochecagem.
Estimular a criança a organizar os
procedimentos para realizar tarefas e refletir sobre o que foi planejado.
Adicionar regras a brincadeiras
conhecidas – manipular e manter a informação.
Jogos para memorizar informações e
recuperar informações depois de distrações.
RECOMENDAÇÕES
AOS PAIS E RESPONSÁVEIS
- Acompanhe
as tarefas da criança durante uma semana, a fim de poder localizar suas
dificuldades;
- Procure
a escola para conversar sobre as dificuldades do sua filha;
- Estimule-o,
com jogos de memória, cartas, xadrez, ditado com texto que ela goste e vá
aumentando gradativamente o tempo dessas atividades;
- Direcione
a energia dela para a prática de esporte e trabalhos artísticos;
- Deixe
que sua filha descubra a melhor forma de estudar, pois dificilmente ela vai se
adaptar aos métodos tradicionais;
- Defina
a rotina que ela tem que agir diariamente, estabelecendo prioridades;
- Elogie-a
sempre que ela conseguir concluir uma tarefa. Incentive-a a superar seu tempo;
- Ser
coerentes, previsíveis nas suas ações e mostrar apoio a criança nas suas
interações diárias.
- Dar
instruções positivas.
- Cuidar
para que os seus pedidos sejam feitos de maneira positiva e não pela negativa.
- Recompensar
o comportamento adequado. Crianças exigem respostas imediatas, frequentes e
previsíveis, adequadas ao seu comportamento.
- Aprender
a reagir aos limites do sua filha de maneira positiva e ativa. As regras devem
ser claras e concisas. Atividades ou situações nas quais já ocorreram problemas
devem ser evitadas.
- Punir
adequadamente, porém compreendendo que a punição só trará uma modificação de
comportamento se acompanhada de uma estratégia de controle.
- Imponham
limites saudáveis e possíveis de respeitar. Ausência, incoerência ou
inconstância de limites provocam ansiedade, falta de controle e insegurança,
levando à diminuição da auto-estima das crianças
- Não
exijam de seu filho mais do que a capacidade dele permite nem deixem de exigir
o que é capaz de fazer.