quinta-feira, 12 de julho de 2018

O QUE SÃO FUNÇÕES EXECUTIVAS?



As funções executivas são um conjunto de habilidades cognitivas que permitem ao sujeito engajar-se em comportamentos orientados a objetivos, realizando ações voluntárias, independentes, auto-organizadas e direcionadas a metas.
Dessa forma crianças vão recrutar as habilidades funcionais sempre que se confrontarem com tarefas novas, desafiadoras. O Centro de Desenvolvimento da Criança da Universidade de Harvard CDCUH (2011) resumem esses estudos e os principais achados no que diz respeito ao desenvolvimento das Funções Executivas que são destacadas a seguir:
1.    São essenciais para o desenvolvimento inicial das capacidades cognitivas e sociais.
2.    As crianças nascem com o potencial para desenvolver as Funções Executivas.
3.    As avaliações demonstram que após o nascimento essas funções começam a se desenvolver.
4.    Os períodos de 3 a 5 anos representam uma janela de oportunidade para o crescimento das Funções Executivas.
5.    Aos 3 anos as crianças são capazes de seguir duas regras e direcionar sua atenção (se for azul coloque aqui e se for vermelho coloque lá), além manterem as regras enquanto imaginam e inibir distrações.
6.    Aos 5 anos as crianças conseguem mudar entre uma regra e outra que sejam incompatíveis entre si, retornando à anterior. Conseguem maior resistência ás distrações, mesmo sendo algo muito desejado. Seguem etapas de um plano e avaliam a melhor forma de fazê-lo.
7.    Aos 7 anos as estruturas cerebrais subjacentes são mais próximas às do adulto com capacidade para planejar, manter regras, focar atenção, controlar os impulsos.
8.    As FE continuam se desenvolvendo ao longo da adolescência até o início da fase adulta.

O comprometimento das habilidades executivas, caracterizando a chamada síndrome disexecutiva, pode compreender alterações cognitivo-comportamentais diversas, associadas ao prejuízo de seus processos componentes, tais como dificuldades na seleção de informação, distratibilidade, dificuldades na tomada de decisão, problemas de organização, comportamento perseverante ou estereotipado, dificuldade no estabelecimento de novos repertórios comportamentais, dificuldades de abstração e de antecipação das consequências de seu comportamento, impondo uma série de problemas à vida diária (Muñoz Céspedes & Tirapu-Ustárroz, 2004; Strauss, Sherman & Spreen, 2006).

A maior queixa de disfunção executiva, em geral, está relacionada a:
Controle inibitório: Capacidade de inibir um comportamento preponderante em detrimento de outro. Habilidade para filtrar nossas ações e pensamentos, controlar os impulsos e resistir às tentações, distrações e hábitos e parar e pensar antes de agir: Controlar as ações, de modo a conseguir ignorar as distrações e tentar focar a atenção no que está sendo solicitado; Poder resistir à vontade de ficar conversando o tempo todo na aula. Aprender a esperar sua vez de falar ou de jogar. Aprender a controlar e regular as emoções, ao invés de gritar e bater. Conseguir parar e pensar antes e não agir apenas de forma impulsiva e sem medir as consequências.
Flexibilidade Cognitiva: É a habilidade de mudar e flexibilizar entre alternativas diferentes. Capacidade de mudar o curso das ações e adaptá-las para atender a exigência do ambiente. Capacidade de encontrar erros e corrigi-los, rever como estamos agindo de acordo com as formas, as informações novas, considerar algo a partir de uma nova perspectiva e pensar “diferente”.
Memória de Trabalho (MT): Habilidade de manter e manipular informações recentes na mente e por um período curto, por isso, pode não conseguir realizar cálculos mentais, não seguir corretamente as instruções das tarefas, entre outros.
Organização e planejamento: consiste na capacidade de, a partir de um objetivo definido, estabelecer a melhor maneira de alcançá-lo, levando em consideração a hierarquização de passos e a utilização de instrumentos necessários para a conquista da meta.

Alvos a serem trabalhados para um bom desenvolvimento das Funções executivas: (Meca, Dias e org, 2015)
Organização e Planejamento:
Uso de rotina em sala de aula.
Uso de calendário Mensal da turma.
Atividades que envolvam estimar e controlar o tempo.
Organização física e dos materiais pessoais;
Organização e categorização das ideias.
Planejamento compartilhado (parte e todo).
Dividindo uma tarefa grande em pequenos passos.
Discutir a agenda diária, o que traz sentimento de segurança para a criança e maior manejo e engajamento nas atividades.
Apresentar representações visuais e verbais para a compreensão do tempo.

Atenção, Controle Inibitório e Flexibilidade Cognitiva
Atividades e jogos lúdicos que exigem controle inibitório.
Tarefas de flexibilidade cognitiva que exigem trocar entre uma regra e outra, trabalhar com ambiguidades, classificação.
Jogos de soletrar, e jogos de operações matemáticas.
Jogos para selecionar informações relevantes como Mimica, “Quem sou Eu?”.
Resolução de Problemas – pensar em mais de uma forma de responder, propor novas ações para os problemas listados.

Memória de Trabalho
Estimular a checagem de atividades e material, solicitados e lembrar sobre prazos e cumprimento de atividades futuras através do calendário mensal e coletivo, além do uso de lista de autochecagem.
Estimular a criança a organizar os procedimentos para realizar tarefas e refletir sobre o que foi planejado.
Adicionar regras a brincadeiras conhecidas – manipular e manter a informação.
Jogos para memorizar informações e recuperar informações depois de distrações.

RECOMENDAÇÕES AOS PAIS E RESPONSÁVEIS



Acompanhe as tarefas da criança durante uma semana, a fim de poder localizar suas dificuldades;
Procure a escola para conversar sobre as dificuldades do sua filha;
 - Estimule-o, com jogos de memória, cartas, xadrez, ditado com texto que ela goste e vá aumentando gradativamente o tempo dessas atividades;
- Direcione a energia dela para a prática de esporte e trabalhos artísticos;
Deixe que sua filha descubra a melhor forma de estudar, pois dificilmente ela vai se adaptar aos métodos tradicionais;
- Defina a rotina que ela tem que agir diariamente, estabelecendo prioridades;
- Elogie-a sempre que ela conseguir concluir uma tarefa. Incentive-a a superar seu tempo;
- Ser coerentes, previsíveis nas suas ações e mostrar apoio a criança nas suas interações diárias.
- Dar instruções positivas.
- Cuidar para que os seus pedidos sejam feitos de maneira positiva e não pela negativa.
- Recompensar o comportamento adequado. Crianças exigem respostas imediatas, frequentes e previsíveis, adequadas ao seu comportamento.
 - Aprender a reagir aos limites do sua filha de maneira positiva e ativa. As regras devem ser claras e concisas. Atividades ou situações nas quais já ocorreram problemas devem ser evitadas.
- Punir adequadamente, porém compreendendo que a punição só trará uma modificação de comportamento se acompanhada de uma estratégia de controle.
- Imponham limites saudáveis e possíveis de respeitar. Ausência, incoerência ou inconstância de limites provocam ansiedade, falta de controle e insegurança, levando à diminuição da auto-estima das crianças
- Não exijam de seu filho  mais do que a capacidade dele permite nem deixem de exigir o que  é capaz de fazer.